Porque a fotografia é perene...
Porque um "retrato" vale mais que mil palavras...
Este espaço faz-se da cor do tempo, da luz das gentes e do brilho dos lugares...

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

"Histórinhas"... a propósito de Rádio!!!

Publiquei este artigo em outro local e agora aproveito para relembrar e juntar ao arquivo deste espaço.

“Ainda há algum tempo falava eu do sinal "errante" das antigas transmissões televisivas que recebiamos á alguns "anitos" atrás, porque “vivíamos” a nossa ultra-perificidade de forma muito acentuada (gosto muito destas neo-classificações).
Éramos uma ilha onde “São Vapor” apenas se dignava visitar mensalmente, (falo já do “meu tempo” e isto quando o clima o permitia, quando não era assim) vivíamos tempos de constante falta de bens de primeira necessidade e dos açambarcamentos, verdadeiros “tesourinhos deprimentes” (perdoem-me os "monços" do "Gato fedorento"...) de tempos passados. E “valha-nos Deus” (assim dizem os mais idosos) que isso já não acontece (com a mesma frequência).
Mas voltando ao assunto, os florentinos sempre tentaram “combater” o isolamento da melhor forma que sabiam e podiam (acho eu na minha humilde visão das coisas...)
Sempre se “bateram” umas cartadas (nos “clubes” e nas “juntas” ou onde quer que o povo se juntasse à noite para dar largas à “cavaqueira”) ainda que à luz da vela para passar o tempo, sim porque os Invernos rigorosos (leia-se “brutais ventanias”) davam frequentemente “cabo das linhas da luz”.
A ocidente, por muitos anos, se teimou em usar a criatividade e um dos mais apreciados frutos da inteligência de alguns e do engenho aguçado destas gentes (algumas...gentes...) foram as emissões “piratas”. Imaginem que chegamos a ter uma televisão local.
Eu sei... eu sei... era um bom assunto para relembrar, mas infelizmente não me vou alargar por aí por falta de conhecimento.Por isso falo de rádio... mas de rádio local...
Daquela feita por gente da ilha para gente da ilha...
Daquela feita à perda de serões por detrás de uma “mesa de mistura”, dois"pratos" e um "Deck" com cassetes de fita castanha e discos de vinil... (no início, claro, que depois chegou o cd em grande!), quando ainda não havia a informatização, nem o mp3, nem a rádio a metro (como muitas que por ai andam) com tudo “programadinho”, “cotizado” e “despersonalizado” para correr bem.
Falo de rádio... mas de rádio local...
Daquela... pirata de espada à cinta e pala no olho...
Daquela rádio com as “brancas” e as falhas próprias das coisas feitas mais pelo coração do que com a sapiência.
Daquela feita da carolice de uns quantos a partir de um emissor “amador” e de uma antena artesanal instalada no quintal...
Daquela que recebia apenas o “subsídio” do reconhecimento de uma audiência assídua nos tempos em que a televisão era como era...
Uma vez mais, não podia deixar aqui um texto sem relembrar alguém ligado a este assunto, neste preciso caso um dos rostos por detrás da rádio nesta ilha, porque crédito dá-se a quem merece, esteja presente ou, como é infelizmente o caso, já não esteja entre nós, porque não se pode falar de rádio nesta ilha sem relembrar o “Max”, o homem dos 1.001 talentos, que mexia e remexia nos transístores e resistências (penso que se chamam assim, nada percebo dessas geringonças electrónicas) e que deu voz a muitas e muitas emissões nas (também muitas) frequências que usou.
Era o “Max”, conhecido por toda a gente e que (já numa fase mais recente) foi a “alma” por detrás da última “Rádio Flores”.
Desse tempo já nem o edifício existe, corre por aí que foi uma operação estética em prol do progresso, pena que [na ilha das Flores] o custo do progresso passe pela destruição de património cultural.
Relembrei o “Max”, porém muitos foram (seus contemporâneos) os que deram “som” a esta ilha.
Os últimos faziam parte de um projecto chamado Rádio S.O.S.
A rádio “S.O.S.” arrancou para o ar em 12 de Abril de 1993, se hoje ainda estivesse entre nós teria 15 anitos... (conto essa história aos mais esquecidos da próxima vez, que desta já vou longo...)
Falei de rádio...
Daquela rádio que se fazia “de espada à cinta e pala no olho”...
Era ilegal? Talvez... mas nunca incomodou ninguém... e, bem mais importante, era feita por florentinos para florentinos!!!

2 comentários:

Anónimo disse...

pergunto, porque é que ainda não fuciona.

Anónimo disse...

pois... o unico problema aqui é:
de facto.. a radio nunca incomodou ninguem, nem a mim mesmo, porque tambem gostava do que la passava, mas o que é realmente pena, é o sr. presidente da "nossa" camara é que ter feito a radio fechar...
mas disso os santa cruzenses nao se lembram, que repetidamente andam com falinhas mansas à volta dele e que no dia de fazer a cruzinha, la esta ele eleito de novo.
acho que o oproblema acaba por ser de todos, porque para umas coisas temos a a memoria bem longa e pra outras tao curta.....